André da Marinheira
Seu pai, conhecido como Manoel da Marinheira, já faz parte da galeria dos grandes escultores do Brasil. E grande em todos os sentidos – não somente pela maestria de seu trabalho, mas também pelo tamanho de suas esculturas em madeira. Chegam a atingir mais de dois metros tanto em altura quanto em comprimento. André sempre trabalhou ao lado do pai, a ponto de ser conhecido como André da Marinheira. Além dele, Antônio, Severino e Maria Cícera, seus irmãos e filhos do primeiro casamento de seu pai, também esculpem e são todos surdos-mudos. Suas peças seguem os traços paternos, mas com mais movimento. As histórias contadas por André dariam um livro. Ele e toda a família sempre sobreviveram do trabalho escultórico. “Meu pai, no início, não usava formão. Tinha suas ferramentas, facas, machadinhas e outras coisas. Só depois, ele pegou no formão.”
André fala de duas pessoas com muito carinho, como incentivadores do trabalho de toda a família: Celso Brandão – uma espécie de jornalista, que descobriu Manoel e o estimulou muito – e Jorge Tenório Moreira – usineiro colecionador que agora está montando, na Fazenda Bento Moreira, em Boca da Mata, Alagoas, o Museu Manoel da Marinheira. O trabalho de Manoel sempre foi limpo, com desenho claro dos contornos dos corpos. “Eu comecei a modificar um pouco, acho que abrindo a boca, mostrando um pouco mais de músculos.” André conta que ele e seus irmãos continuam a usar mais a madeira da jaqueira, que não é controlada e é arrastada na preparação das roças. “A gente sempre pega as madeiras que não vão dar mais frutos.”