– 40 ANOS de GALERIA TINA ZAPPOLI 

“Cabe ao artista dar ao desejo forma, na qual seu ser se reconheça.

O marchand se associa ao movimento do artista, assume para si a colocação da obra ao olhar do mundo. Há um modo de proceder próprio na comercialização da obra de arte, uma espécie de sinceridade afetiva que outro tipo de comércio, muitas vezes, pode desconsiderar.

Desde o início de seu trabalho como marchand, Tina percebeu a natureza das obras que capturavam seus olhos, e, de pronto, tomou uma posição estética. Sua afinidade com as obras de Marianita Linck, Maria Lídia Magliani, Iberê Camargo, Francisco Stockinger, artistas que valentemente representou, desenhou o seu perfil de galerista votada e devotada à expressão. À luz da autenticidade, vida e arte bailaram na relação de recíproca admiração e respeito com seus artistas. Disto, sua atuação no mercado de arte de Porto Alegre ecoou pelo Brasil e assegurou a Tina um lugar de reconhecido respeito por seus pares. Anos se passaram e um novo capítulo se abriu à vida e arte de Tina: o encontro com o fotógrafo-arquiteto Marinho Neto, seu companheiro na vida e na arte. Ampliou-se, à quatro mãos, o trabalho da Galeria Tina Zappoli, que estendeu, mais amplamente, seu olhar até os artistas de raiz, iluminados pelos céus dos sertões. Com esta amplitude, as barreiras, falso dilema, entre arte popular e arte erudita é supressa. Novos criadores incorporaram-se ao caminho, caminho estendido há quatro décadas de contínuo desejo-desenho original. Os marchands, tais como Exu ou Mercúrio, são mensageiros de desejos que colocam em via de encontro o artista, os colecionadores e os desejantes em reconhecer-se na sensibilidade e força vital, capturadas na obra.”

ANTONIO HELIO CABRAL, 2021